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terça-feira, 1 de março de 2011

Cibercultura para Pierre Lévy

O desenvolvimento das tecnologias digitais e a proliferação das redes interactivas colocam-nos diante de um caminho sem retrocesso. As práticas, atitudes, modos de pensamento e valores estão, cada vez mais, a ser condicionados pelo novo espaço de comunicação: o ciberespaço.
Para Pierre Lévy este é o ponto de partida para o estudo das implicações culturais que advêm das novas tecnologias de comunicação e informação.


Pierre Lévy
Nome completo
Pierre Lévy
Nascimento
1956 (54–55 anos)Tunísia
Nacionalidade
Ocupação
Principais interesses

Cibercultura? Mas, o que é isso?
Afirma Lévy, em entrevista à @rchipress:
“Não é a cultura dos fanáticos da Internet, é uma transformação profunda da noção de cultura” Como tal, reflecte a “universalidade sem totalidade”, algo novo se comparado aos tempos da oralidade primária e da escrita. “A interconexão mundial de computadores forma a grande rede, mas cada nó dela é fonte de heterogeneidade e diversidade de assuntos, abordagens e discussões, em permanente renovação.”
É preciso “explorar as potencialidades deste espaço no plano económico, político, cultural e humano”, defende o filósofo do ciberespaço.
 Para Lévy as ideias estão dispostas em três blocos.

1.      No primeiro deles apresenta os pressupostos que orientam o estudo e os conceitos técnicos que sustentam a cibercultura, como é o caso da digitalização e das redes interactivas. “Nem a salvação nem a perdição residem na técnica”, afirma, mostrando que as tecnologias não determinam, mas condicionam as mudanças à medida que criam as condições para que elas ocorram. Além disso, aborda o movimento social que deu origem ao ciberespaço – nascido do desejo de jovens ávidos por experimentar novas formas de comunicação e só depois resgatado pelos interesses da indústria -, e as grandes tendências de evolução técnicas no que se refere a interfaces e a tratamento, memória e transmissão das informações.
2.      Uma vez preparado o terreno, o autor dedica-se, na segunda parte, às implicações culturais do desenvolvimento do ciberespaço. O retrato contempla essencialmente três temas: as artes, o saber e a cidadania. A educação é a que recebe maior atenção. Lévy descreve mutações nas formas de ensinar e aprender. O futuro papel do professor já não é o de difusor de saberes mas o de “animador da inteligência colectiva” dos estudantes, estimulando-os a trocar os seus conhecimentos.
3.      Na última parte, intitulada “Problemas”, Lévy procura responder a denúncias contra o ciberespaço. Rebate a crítica da substituição, segundo a qual o real substitui o virtual. Para ele, os modos de relação, conhecimento e aprendizagem da cibercultura não paralisam nem substituem os já existentes, simplesmente os ampliam.
Quanto às denúncias, concentra seu foco em quatro questões:

1.      A exclusão e o aumento das desigualdades,
2.      A cibercultura como sinónimo de caos,
3.      A ameaça das culturas e de diversidade de línguas,
4.      A pressuposta ruptura dos valores fundadores da modernidade europeia.

No caso da exclusão, admite que as tecnologias produzem excluídos, mas aposta no aumento das conexões, com a queda de preços nos serviços, e alerta: mais do que garantir o acesso é preciso assegurar as condições de participação no ciberespaço. Às críticas quanto ao domínio da língua inglesa, responde que é uma questão de iniciativa, pois qualquer um pode colocar no ar mensagens em chinês, grego, alemão.
Para Lévy a cibercultura difunde valores como fraternidade, igualdade e liberdade. “A rede é antes de tudo um instrumento de comunicação entre indivíduos, um lugar virtual no qual as comunidades ajudam seus membros a aprender o que querem saber”.

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